Tiago Alves é aluno do segundo ano no Mestrado em Biologia e Gestão da Qualidade da Água
Poderias descrever o teu mestrado? As UC’s são voltadas mais para a teórica ou para a prática?
Posso dizer que há um bom equilíbrio entre as duas. Para terem uma ideia, das 6 UC’s obrigatórias no plano de estudos, sendo uma delas ‘Seminário’, 5 apresentam componente prática com as mesmas horas de contacto comparativamente à componente teórica. Para além destas, o plano de estudos inclui 4 UC’s opcionais, isto é, podemos escolher UC’s de outros planos de estudos. Esta é a grande vantagem deste mestrado, uma vez que é possível optar por UC’s consoante os nossos gostos e a área em que desejamos ter foco no futuro. Isto também faz com que nos demarquemos uns dos outros, visto que dentro do mesmo mestrado podemos ter vários “especialistas” em diferentes áreas.
As UC’s são um bom complemento à componente prática?
Sim, sem dúvida, isso certamente acontece em todas as UC’s. Uma boa base teórica é fundamental para a aplicação prática. Claro que tudo depende dos professores que lecionam tanto as práticas como as teóricas e da comunicação entre ambos. A minha experiência nesse sentido foi positiva.
Que UC’s de laboratório tens?
Como referia anteriormente, em quase todas as UC’s presentes no plano de estudos há componente prática. Aconselho a verem isto antes de tudo: Sigarra – Plano de Estudos
Na tua opinião, as aulas de laboratório estão a preparar-te bem para o teu futuro?
Sim, em parte sim. Temos o exemplo da UC de Contaminação Ambiental em que a maioria das aulas são lecionadas no CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental) com o apoio de alguns investigadores que lá trabalham. Isto deu-nos a conhecer diferentes experiências profissionais dos investigadores e, principalmente, permitiu-nos conhecer de forma mais aprofundada o funcionamento de um laboratório.
Num contexto empresarial penso que poderia ser melhorado. Posso dar o meu exemplo. Atualmente estou a desenvolver o meu estágio numa empresa especializada no tratamento de águas e águas residuais e, apesar das duas visitas de estudo que tivemos a estações de tratamento, não tinha grande noção do seu funcionamento no início do estágio. A UC relacionada era ‘Tratamento de água e águas residuais’ e, apesar do corpo docente ser excelente em termos teóricos, penso que podia ser melhorada no sentido de ser lecionada também por alguém com experiência empresarial nessa área e com conhecimentos mais práticos.
O teu mestrado tem alguma colaboração com empresas e/ou universidades?
Sinceramente não conheço nenhuma parceria. Contudo, no final de cada ano letivo apresentam algumas (poucas) propostas de estágio para o ano letivo seguinte, geralmente em empresas.
Na tua opinião, essas ligações potenciam o ingresso no mercado de trabalho?
Sem dúvida que sim. Ajuda os estudantes a entrarem mais facilmente em projetos com essas empresas/universidades e, posteriormente, aumenta a probabilidade de surgir a oportunidade de ficarem em definitivo nas mesmas.
Que saídas profissionais podem esperar os estudantes que completem o mestrado que frequentas?
Outra vantagem deste mestrado é ter diversas saídas profissionais. Como referi anteriormente, o facto de termos liberdade de escolha em diversas UC’s dá-nos a hipótese de nos focarmos em diversas áreas. Este mestrado potencia o desenvolvimento de diversas competências, tais como, exercer funções em laboratórios de análises de águas, em serviços e empresas ligadas ao planeamento e gestão dos recursos hídricos, em autarquias, serviços municipalizados, entidades ligadas à saúde e ao ambiente, empresas de tratamento de águas e de águas residuais, laboratórios de investigação.
Onde aconselhas a procura de informação, para quem esteja interessado em seguir o teu mestrado?
Para além da página da faculdade, existe pouca informação relativa ao mestrado. Da experiência que tenho aconselho que primeiramente leiam a descrição do curso na página da faculdade e de seguida contactem com alunos/ex-alunos para pedirem o seu feedback e tirarem as vossas dúvidas.
O que te fez seguir o mestrado que frequentas?
Para ser sincero, numa fase inicial de pesquisa de mestrados o que me suscitou logo interesse foi o nome “Gestão da Qualidade da Água”. A água é um assunto debatido a nível mundial por ser um recurso em crescente utilização de modo não sustentável. Por outro lado, um recurso em crescente contaminação. Há 3 grandes problemas em torno da água- escassez, desperdício e poluição. Dia para dia observamos que a exploração de recursos hídricos tem crescido, agregado a um aumento populacional que, consequentemente, leva a um aumento na escassez de água. Vemos também, por exemplo, cada vez mais indústrias que necessitam deste recurso, muitas delas de uma forma não sustentável, para produzirem os seus produtos e esse aumento também levou a uma crescente poluição. Estes exemplos, como tantos outros, fizeram-me ver que este mestrado me dá a possibilidade de ajudar, de certa forma, a encontrar novas soluções para combater esses problemas e com isso ajudar a garantir um bom funcionamento do nosso Planeta.
Estás a gostar do teu mestrado?
Confesso que inicialmente, apesar de gostar imenso das áreas de estudo, não estava certo da minha escolha. Atualmente percebo que foi uma boa escolha sim.
Na tua opinião quais os pontos positivos?
Para mim o ponto mais importante é a possibilidade de no 2º ano podermos optar por estágio ou tese. O estágio é a melhor opção para quem prefere uma carreira empresarial, ao passo que a tese é mais voltada para aqueles que pretendem ingressar na área da investigação. Contudo, a escolha de uma não impede de, no futuro, seguirmos a carreira da outra, isto é, quem escolher, por exemplo, a tese pode muito bem no futuro ter uma carreira empresarial.
E negativos?
De toda experiência que estou a vivenciar não há algo que considere realmente negativo. Contudo, há sempre algo que consideramos menos positivo, como vou referenciar de seguida.
Achas que o teu mestrado está bem estruturado?
De um modo geral penso acho que sim, tirando alguns pontos.
O que poderia ser reformulado na estrutura do mesmo?
Há um ponto crucial que, tanto na minha opinião como na dos meus colegas, deveria ser reformulado relativamente à UC de Seminário (única anual). Resumidamente esta UC consiste na apresentação de 4 trabalhos/projetos ao longo do ano, uns com tema a nosso critério e outros com tema escolhido pelo professor. Por ser a UC com mais créditos (9 créditos) e tendo em conta que a apresentação dos trabalhos é deveras importante, considero que a mesma poderia ser conciliada com palestrantes de diversas áreas. Isto não só era importante para enriquecer o nosso conhecimento como também para ajudar quem está mais indeciso relativamente ao futuro e à área que pretende seguir. Contudo este não é o ponto chave para um bom ensino neste mestrado, apenas um excelente complemento, na minha perspetiva.
Há alguma peripécia/vivência que tenha ocorrido nestes anos em que estás a estudar e que gostasses de partilhar?
Para além de conhecer excelentes docentes e colegas fantásticos que considero neste momento amigos, a experiência que estou a ter no meu estágio é sem dúvida o ponto mais alto e mais importante do meu percurso académico, um verdadeiro empurrão para a vida profissional.
Tens algum conselho para os estudantes que se vão candidatar, no próximo ano, a um mestrado?
Sei que vou parecer um pouco clichê mas o meu conselho é que primeiramente pensem na área em que se vêem a trabalhar ao longo da vossa vida, isso fará com que estejam sempre 100% motivados a serem melhores que no dia anterior e só depois é que devem pensar se vos dá garantias de futuro. Coloquem esses dois pontos numa balança e vejam o que realmente pesa mais nas vossas perspetivas de futuro.
Podes partilhar algum contacto teu, caso alguém te queira pedir algum conselho e/ou opinião?
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